TRADUÇÃO
FILHA É FILHA
A DAUGHTER'S A DAUGHTER
Agatha Christie sob o pseudônimo de Mary Westmacott
Tradução de Henrique Guerra
Escrevendo anonimamente sob o pseudônimo de Mary Westmacott, Agatha Christie, conhecida mundialmente como Rainha do Crime, deixa de lado a investigação policial para explorar a alma humana, seus conflitos e emoções.
Aos 19 anos, Sarah, filha única de Ann Prentice, viaja para uma estação de esqui na Suíça. Com a partida, Ann passa a sentir um estranho vazio - ela não se sentia assim desde a morte do marido. Na mesma noite, essa mãe dedicada conhece um homem com uma história de vida trágica, e os dois se apaixonam. Acostumada com a atenção integral da mãe, ao voltar de férias, Sarah terá uma surpresa...
FILHA É FILHA
Título Original: A DAUGHTER'S A DAUGHTER
Catálogo: Coleção L&PM Pocket
Gênero: Romance
Série: Agatha Christie
Referência: 942
Cód.Barras: 9788525421081
ISBN-13: 978.85.254.2108-1
Páginas: 256
1° Edição: abril de 2011
AUSÊNCIA NA PRIMAVERA FOI TRADUZIDO POR JORGE RITTER.
Comentário: Os seis romances escritos por Agatha Christie sob o pseudônimo de Mary Westmacott ganham novas edições (e traduções) na coleção de pockets da L&PM. E, a meu ver, numa decisão acertada, a editora optou por abolir os títulos da coleção anterior, que, em sua maioria, não faziam jus aos títulos originais, mais interessantes e significativos. Por exemplo, na coleção anterior, Absent in Spring era A ausência. Na nova tradução da L&PM, na tradução de Jorge Ritter, ficou Ausência na primavera. A daugther's a daughter era A filha. Na minha tradução, ficou Filha é filha. Os dois novos títulos são ao mesmo tempo mais interessantes e mais fiéis ao original. É uma nova e excelente oportunidade que os leitores brasileiros têm de conhecer outra faceta do trabalho de Agatha, uma faceta mais literária, por assim dizer. Mestre nos policiais, Agatha arrisca-se e sai de sua "zona de conforto" para produzir romances mais viscerais, que surgiram menos da necessidade de cumprir um contrato e mais da necessidade de criação artística. No momento em que estou traduzindo outro livro de Westmacott (The Rose and the Yew Tree), posso dar o testemunho de quem cursou Teoria Literária I e Teoria Literária II com uma das melhores professoras do RS (Juracy Saraiva). O talento de Agatha aflora das páginas tanto dos policiais quanto desses romances não policiais. Mas nos livros escritos como Mary Westmacott, sem assassinatos para serem deslindados, os dilemas da existência humana ganham relevância. É possível se encontrar personagens redondas (ou seja, imprevisíveis, capazes de atos bons e ruins, etc), enquanto nos policiais prevalecem as personagens planas (aquelas que o leitor já sabe como elas vão agir). A escritora lança mão de simbolismos e tenta alcançar um patamar mais abrangente em termos literários. A força de sua obra, baseada na naturalidade dos diálogos, no humor refinado e nos finais surpreendentes, revela-se também nos livros não policiais. Westmacott merece uma nova chance, não só do público leitor, como também de analistas da literatura dita "séria". Eu, como tradutor, posso ser considerado suspeito para falar. Mas num blog acho que posso me permitir expressar a minha opinião: Filha é filha aborda temas profundos de modo direto e bem-humorado. Para encerrar esse post, algumas curiosidades que pesquisei enquanto realizava a tradução e que eu gostaria de compartilhar com os leitores de Agatha:
CURIOSIDADES SOBRE O ROMANCE FILHA É FILHA
Ligação com o teatroO romance Filha é filha (1952) baseia-se numa peça que Agatha Christie havia escrito no fim da década de 1930. O produtor Basil Dean queria levar a peça aos palcos em 1939, mas ela só veio a ser encenada em 1956, depois de Christie reescrever o script, aproveitando as sugestões de Basil Dean. Em 2009, a peça voltou aos palcos londrinos. Segundo o Times, a peça “permite ver na autora qualidades que muitos de nós nunca pensaram existir”. Já o Telegraph comparou a peça de Agatha aos melhores trabalhos de Terence Rattigan, popular dramaturgo britânico. E o Independent descreveu a peça como “uma verdadeira surpresa, altamente recomendada”.
Importância das personagens secundáriasA biógrafa Laura Thompson destaca a relevância da psicóloga Dame Laura Whitstable, confidente da protagonista Ann: “Ela é o espírito genuíno da certeza feminina, falando os pensamentos de sua criadora, numa voz que Agatha sempre quis escutar”. Se Dame Laura se encarrega da sabedoria e da perspicácia, o alívio cômico fica por conta de Edith, a empregada. Outro estudioso da obra de Agatha, Charles Osborne, frisa que Westmacott-Christie convence os leitores de que conhece bem as personagens e é capaz de se solidarizar até com a menos agradável delas.
Inspiração para o enredoLaura Thompson realça a liberdade que Agatha sentia ao escrever como Mary Westmacott: “ Ela podia ir aonde quisesse, abordar toda e qualquer ideia que a fascinava, até mesmo nos recônditos do próprio passado.” A questão sobre se o conteúdo seria inspirado nas inter-relações de Agatha e Rosalind é comentada por Charles Osborne: “Filha é filha pinta um retrato tão convincente da capacidade destrutiva do amor maternal sujeito a sacrifícios que o leitor fica tentado a procurar no livro pistas de alguns dos fatos da vida da sra. Christie. Mas a artista apagou as pegadas (...)”. Por sua vez, Jared Cade, o autor de Agatha Christie and the Eleven Missing Days, assegura que a maior inspiração para Filha é filha teria sido Nan e Judith Watts. (Nan Watts era a irmã de Jimmy Watts, o marido de Madge, irmã de Agatha).
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